Em Campos do Jordão, onde as temperaturas podem ficar abaixo de 5 °C durante o inverno e a umidade relativa do ar se mantém elevada, a engenharia civil enfrenta desafios significativos para garantir segurança, conforto e durabilidade das edificações. A combinação de frio intenso e umidade favorece problemas como infiltrações, mofo e deterioração precoce de materiais, tornando essencial a correta instalação e manutenção de sistemas de aquecimento e isolamento térmico. De acordo com o presidente da AEACJ, Engenheiro Rogério Balsante, “a contratação de engenheiros qualificados para a instalação e manutenção dos sistemas de aquecimento não é apenas uma questão de conformidade normativa, mas uma necessidade vital para a proteção da vida e do patrimônio”.

As normas da ABNT, especialmente a NBR 16401, definem parâmetros para conforto térmico em ambientes climatizados, estabelecendo temperaturas entre 21 °C e 24 °C e umidade relativa entre 30% e 60%. Além disso, a NBR 15.575, que trata do desempenho de edificações habitacionais, exige níveis mínimos de isolamento e estanqueidade, fatores essenciais em regiões frias. O isolamento térmico adequado, aliado ao uso de materiais de alta inércia térmica, como alvenaria espessa e mantas isolantes, ajuda a reduzir variações bruscas de temperatura, retendo calor durante o dia e liberando-o à noite. Essa estratégia não só aumenta o conforto dos usuários, como também reduz o consumo de energia elétrica, impactando diretamente a eficiência energética das construções.

Outro aspecto relevante é que o inverno, apesar das baixas temperaturas, costuma trazer um clima seco, o que representa uma vantagem para a execução de obras externas, como terraplanagem, escavações e fundações. A ausência de chuvas facilita o trabalho com solos, embora sejam necessários cuidados para evitar a perda de compactação em temperaturas muito baixas. Estudos do setor indicam que, abaixo de 5 °C, a compactação do solo pode perder até 15% da densidade ideal, comprometendo a estabilidade das fundações. Por isso, recomenda-se a execução dessas etapas no período mais quente do dia, entre 10h e 16h, bem como o uso de lonas térmicas para proteger o solo durante a noite. No caso da pavimentação, a temperatura do asfalto não deve ser inferior a 10 °C, sob pena de perda de aderência.

Para os usuários, a manutenção adequada do aquecimento e o bom isolamento térmico não são apenas sinônimos de conforto, mas também de saúde. Segundo pesquisas do Laboratório de Eficiência Energética em Edificações da UFSC, 90% das pessoas passam a maior parte do tempo em ambientes internos, e um espaço desconfortável pode afetar diretamente a produtividade e o bem-estar. Além disso, incorporar soluções sustentáveis, como painéis solares térmicos e sistemas de reaproveitamento de água da chuva, contribui para a redução de custos e para a adaptação das construções às mudanças climáticas, alinhando-se às práticas de engenharia preventiva.

O presidente da AEACJ reforça: “No rigoroso inverno de Campos do Jordão, garantir que aquecedores, isolamento e sistemas estruturais atendam às normas da ABNT não é luxo — é obrigação para assegurar segurança, conservação e conforto ao usuário”. Dessa forma, o inverno, apesar dos desafios, pode se tornar um aliado para a execução de determinadas obras e para a implementação de soluções inteligentes, desde que haja planejamento, cumprimento das normas técnicas e preocupação constante com a qualidade e a sustentabilidade das construções.

Por Fabrício Oliveira – MTB nº 57.421/SP

Fontes: NBR 16401, NBR 15575, Laboratório de Eficiência Energética em Edificações (LabEEE/UFSC), CBI (Companhia Brasileira de Infraestrutura), site Engenharia 360.